Tornou o Senhor a chamar: Samuel! Este se
levantou, foi a Eli e disse: Eis-me aqui, pois tu me chamaste. Mas ele
disse: Não te chamei, meu filho, torna a deitar-te. Porém Samuel ainda
não conhecia o Senhor, e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra
do Senhor. 1 Samuel 3:6,7
Encontramos dois fatos interessantes nesse momento da vida do jovem
Samuel. Primeiro, a voz de Deus era tão parecida com a voz de Eli, que
ele chegou a se confundir. Somente nos filmes, a voz de Deus ecoa pelo
ar! Na vida real, as maneiras como fala são facilmente identificadas com
outras vozes, e quem sabe, com a nossa própria voz.
Na sequência, devemos parar e considerar a frase “…Samuel ainda não
conhecia o Senhor, e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do
Senhor”. O que vemos aqui é a descrição de um principiante, uma pessoa
que estava iniciando o processo de aprendizagem que o tornaria no grande
profeta e juiz em Israel.
Compreender isto é importante. Existe um pensamento, entre o povo de
Deus, de que a espiritualidade é algo que se herda, ou que pode ser
recebida pela imposição de mãos. Muitos cristãos andam de um lado para
outro buscando esse “toque”, ou essa “unção” que os torne
automaticamente grandes homens ou mulheres de Deus. Estão convencidos de
que a grandeza de ilustres personagens, na história do povo de Deus, se
deve a alguma visitação especial, ou então à posse de algum dom
extraordinário que os tornou diferentes dos outros mortais.
Na verdade, cultivamos a vida espiritual com disciplina. Assim como
acontece no desenvolvimento do corpo físico, grande parte do crescimento
espiritual depende de elementos que escapam ao nosso controle. Às
vezes, nem sequer compreendemos os misteriosos processos que resultam na
transformação do nosso coração. O certo é que fomos chamados para
caminhar em fidelidade com Deus e permitir que Ele nos conduza rumo à
maturidade.
Aqui não há grandes saltos, nem avanços repentinos. Às vezes,
experimentamos visitações extraordinárias da Sua presença, mas o
crescimento espiritual normal é o resultado de um processo lento e
contínuo. O autor da carta aos Hebreus refere-se a isto quando escreveu:
“Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela
prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o
bem, mas também o mal” (5:14). Perceba a frase “pela prática”. Outras
versões traduzem “pelo exercício constante”. Seja qual for a tradução,
todas destacam um processo de aprendizagem que inclui a possibilidade de
equivocar-se, como aconteceu com o jovem Samuel.
Para pensar:
Alguém disse certa vez: “Todos querem ser algo na vida; mas ninguém quer crescer.” Que passos você está dando para melhor compreender os mistérios da vida espiritual? Como exercita os seus sentidos para poder discernir entre o bem e o mal?
Alguém disse certa vez: “Todos querem ser algo na vida; mas ninguém quer crescer.” Que passos você está dando para melhor compreender os mistérios da vida espiritual? Como exercita os seus sentidos para poder discernir entre o bem e o mal?
–Christopher Shaw (Pão Diário)
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